Lavoura e o Poetinha
(por José Pereira da Silva, Pereirinha)
São dois vultos que fizeram história, um na dedicação em tempo integral ao
trabalho e o outro no campo da eterna poesia, do amor e da boemia. Ambos se
destacaram e levaram para fora de nossas fronteiras o nome Brasil. Ambos
simultaneamente, mas em campos diferentes. Lavoura destacou-se no campo do
trabalho, da administração pública, da honradez e honestidade; Vinícius no da
música, do teatro e da poesia, que dominaram sua vida e foi por ele dominadas.
Quando destaco a honradez e a honestidade, no caso de Lavoura, não digo que o
poetinha também não o fosse. Foi, sim, e muito.
O prefeito Joaquim de
Almeida Lavoura foi destaque no New York Times como o prefeito do Brasil que
trabalhava de sol a sol, saia de casa ao nascer do sol e só se recolhia com a
proximidade da madrugada de um novo dia, velando cada tostão arrecadado aos
cofres públicos. Vinícius foi diplomata, mas era todo poesia. Poeta, letrista,
dramaturgo e boêmio. Vivia a poética, amava a poesia, as mulheres e a boêmia.
2013 é o ano do Centenário de Nascimento do Prefeito Joaquim de Almeida
Lavoura, cujo símbolo era a picareta como instrumento de trabalho; o símbolo de
Vinicius era o copo de uísque, meio de estímulo à inspiração e alimento da musa
que o enchia de vida, de amor e de alegria.
Os dois foram universais, porque
únicos na forma e no estilo. Lavoura destoou da prática do centrismo, da
concentração de poderes na administração pública; enquanto Vinicius foi grande,
ousado, ao trocar o conservadorismo do Itamaraty pela mesa do bar, do boteco e
do candomblé, lançando suas vistas às águas do mar, aos requebros das belas
mulheres, suas musas, coisas supremas e fundamentais para seu viver.
Foi
assim que Lavoura e Vinicius ganharam a admiração do mundo.
O prefeito
Joaquim de Almeida Lavoura completou (é isso mesmo, gente!) 100 anos no dia 4 de
abril e faleceu no dia 12 de novembro de 1975. Sua morte provocou comoções,
levou o povo às ruas e seu sepultamento ganhou as páginas dos jornais da
província, do país e do mundo.
O diplomata, o poeta e o boêmio Vinicius de
Moraes completa 100 anos em 19 de outubro e faleceu dia 9 de julho de 1980.
Celebrado no mundo como artista, letrista, teatrólogo, poeta e cantor (mas não
como diplomata). A morte e o sepultamento de Vinicius de Moraes comoveu a
sociedade carioca, do país e do mundo.
Os dois – Lavoura e Vinicius – foram
Orfeus em suas respectivas arte de viver e governar a vida.
(Pereirinha é Jornalista Alagoano, residente em São Gonçalo/RJ. É primeiro-secretário da ABI e da UNIJOR)